domingo, 15 de agosto de 2010

Sem sombra de d�vida, eu prefiro a luz natural que se desprende de cada intervalo. Pensar é um porre, eu preciso de café forte sem mel. Preciso limpar suas orelhas. Você não escuta o silêncio, o silêncio canta pensamentos que se misturam aos grãos e ao pó e aos favos, café forte sem mel. Eu só preciso esquecer tudo que não existe, e viver. Sem querer o que não existe. Pensar é um porre. Esquecer que não existe, e viver, acreditando que sim, talvez, daqui a poucos. Daqui a poucos dias, sem sombras, incertezas, dias, sombras, quase certezas, pensar é um porre mesmo, me livre de pensar. E me livre de enxergar. E de ouvir também. Também me livre de ler a luz natural que se desprende de cada pergunta. – Você quer um chá? – Chá de quê? – Chá de esquecimento. – Tem chá de palavras iluminadas? – Não, só tem chá de escuridão instant�nea. Quer? – Não sei. Tem suco? Suco de algas e cinzas? – Não. Só de laranja da terra, serve? – Não. Desse tamanho, não me serve. Falta muito para me preencher. – O que você quer afinal? – Descobrir como seguir adiante sobre o que eu quero seria um começo. Quando eu tivesse um fio para o início, eu começaria a me descobrir, a me desenrolar dessas perguntas tolas que se enrolam sobre a minha nudez escondida. Pensar é um porre, você não acha? – Eu não acho é o caminho dos meus pensamentos. Para onde eles vão? Para onde tem ido, terminam lá? Todos eles acabam ali? – Eu entendo o que você está dizendo, mas me falta a compreensão das suas palavras. Percebe o que quero dizer? – Sim, eu percebo, mas me falta o alcance do que não foi dito. Chegou lá? – Estou te buscando, estou me perdendo, estou me procurando, estou entendendo, estou chapada, estou confusa, estou me afastando, estou te ouvindo. Não te entendo, você quer que eu te entenda? – Não. Não mesmo, para quê? Para que essa pergunta? – Qual pergunta? – Qual foi a pergunta que nós não fizemos? – Não faça agora, eu vou fazer. – Não faça agora, eu já respondi. Responde uma coisa… – O quê? – Esquece… – O quê? – Tudo. Esquece. Esquece tudo a partir de agora, e responde aquela velha pergunta nunca feita por nós antes. – Eu já respondi. – Quando? – Muitas vezes. Quando você não me escutava. Sem sombra de d�vida, eu prefiro a luz natural que se desprende de cada movimento. A claridade de uma frase. A sombra de um fechar de olhos. O abraço de um trocar-palavras. Eu prefiro o contato natural e �mido entre tudo que existe e não existe em uma lágrima no travesseiro. E o dia amanhecendo com a minha pele amanhecendo.

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